O tecido adiposo é um tipo especial de tecido conjuntivo, no qual se observa predominância de células adiposas (adipócitos). Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no tecido conjuntivo frouxo, porém a maioria delas forma grandes agregados, constituindo o tecido adiposo distribuído pelo corpo. Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo representa de 20 a 25% do peso corporal na mulher e de 15 a 20% no homem. O tecido adiposo atua com fonte de energia, além de funções como isolamento térmico e contra choques, modela o corpo, sendo responsável por diferenças entre corpos femininos e masculinos, preenche espaços entre outros tecido auxiliando a posição de órgãos em suas posições normais, e possui atividade secretora, sintetizando diversos tipos de moléculas.
CALOR
O tecido adiposo multilocular é especializado na produção de calor, tendo papel importante nos mamíferos que hibernam. Na espécie humana, a quantidade desse tecido só́ é significativa no recém-
nascido, tendo função auxiliar na termorregulação. Ao ser estimulado pela liberação de norepinefrina nas terminações nervosas abundantes em torno das suas células, o tecido adiposo multilocular acelera a lipólise e a oxidação dos ácidos graxos. A oxidação dos ácidos graxos produz calor e não ATP, como a dos tecidos em geral, porque as mitocôndrias do tecido multilocular apresentam, nas suas membranas internas, uma proteína transmembrana chamada termogenina ou UCP 1 (uncoupling protein 1). Esta proteína possibilita que os prótons transportados para o espaço Inter membranoso voltem para a matriz mitocondrial, sem que passem pelo sistema de ATP sintetase existente nos corpúsculos elementares das mitocôndrias. Em consequência, a energia gerada pelo fluxo de prótons não é usada para sintetizar ATP, sendo dissipada como calor. O calor aquece o sangue contido na extensa. Rede capilar do tecido multilocular e é distribuído por todo o corpo, aquecendo diversos órgãos. Nas espécies que hibernam, o despertar da hibernação se deve à ação de estímulos nervosos
no tecido multilocular, que, nestes casos, distribuindo calor, estimula ou desperta os tecidos hibernantes. Em humanos, a função desse tecido está restrita aos primeiros meses de vida pós-natal. Durante esse tempo, o tecido adiposo multilocular produz calor, protegendo o recém-nascido contra o frio.
SISTEMA NERVOSO E O TECIDO ADIPOSO
O tecido adiposo unilocular e o multilocular são inervados por fibras simpáticas do sistema nervoso autônomo. No tecido unilocular, as terminações nervosas são encontradas na parede dos vasos sanguíneos, e apenas alguns adipócitos são inervados. Já́ no tecido multilocular as terminações nervosas simpáticas atingem diretamente tanto os vasos sanguíneos como as células adiposas. O sistema nervoso autônomo (simpático) desempenha importante papel na mobilização das gorduras quando o organismo é sujeito a atividades físicas intensas, jejuns prolongados ou ao frio.
DEPOSIÇÃO E MOBILIZAÇÃO DOS LIPÍDIOS
Da síntese nas próprias células adiposas, a partir da glicose. Os quilomicrons são partículas cujo diâmetro pode alcançar 3 mm, formadas pelas células epiteliais do intestino delgado, a partir dos nutrientes absorvidos. São constituídos por 90% de triglicerídeos e pequenas quantidades de colesterol, fosfolipídios e proteínas. Após deixarem as células epiteliais, os quilomicrons penetram nos capilares linfáticos do intestino e são levados pela corrente linfática, atingindo, posteriormente, o sangue, que os distribui por todo o organismo. Nos capilares sanguíneos do tecido adiposo, graças à enzima lipase lipoproteica, produzida pelas células adiposas, ocorre a hidrólise dos quilomicrons e das lipoproteínas (VLDL) plasmáticas, com liberação de seus componentes, ácidos graxos e glicerol, que se difundem para o citoplasma das células adiposas, no qual se recombinam para formar novas moléculas de triglicerídeos, que são depositadas.
Há duas variedades de tecido adiposo, que apresentam distribuição no corpo, na estrutura, na fisiologia e em patologia diferentes. Uma variedade é o tecido adiposo comum, amarelo ou
unilocular, cujas células, quando completamente desenvolvidas, contêm apenas uma gotícula de gordura que ocupa quase todo o citoplasma, e a outra é o tecido adiposo pardo, ou multilocular, formado por células que contêm numerosas gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias.
TECIDO ADIPOSO UNICELULAR
A cor do tecido unilocular varia entre o branco e o amarelo escuro, dependendo da dieta. Essa coloração deve-se principalmente ao acúmulo de carotenos dissolvidos nas gotículas de gordura. Praticamente todo o tecido adiposo encontrado em humanos adultos é do tipo unilocular; seu acúmulo em determinados locais é influenciado pelo sexo e pela idade do indivíduo. Esse tecido forma o panículo adiposo, camada disposta sob a pele, e que é de espessura uniforme por todo o corpo do recém nascido. Com a idade, o panículo adiposo tende a desaparecer de certas áreas, desenvolvendo-se em outras. Essa deposição seletiva de gorduras é regulada, principal mente, pelos hormônios sexuais e pelos hormônios produzidos pela camada cortical da glândula adrenal.
As células adiposas uniloculares são grandes, medindo em geral 50 a 150 mm de diâmetro. Quando isoladas, essas células são esféricas, tornando-se poliédricas no tecido adiposo pela compressão recíproca.
Após períodos de alimentação muito deficiente em calorias, o tecido adiposo unilocular perde quase toda a sua gordura e se transforma em um tecido com células poligonais ou fusiformes, com raras gotículas lipídicas. O tecido adiposo unilocular é também um orgão secretor. Sintetiza várias moléculas como leptina, que são transportadas pelo sangue, e a lipase lipoproteica já́ mencionada, que fica ligada à superfície das células endoteliais dos capilares sanguíneos situados em volta dos adipócitos. A leptina é um hormônio proteico constituído por 164 aminoácidos. Diversas células no cérebro e em outros órgãos tem receptores para leptina. Essa molécula participa da regulação da quantidade de tecido adiposo no corpo e da ingestão de alimentos. A leptina atua principalmente no hipotálamo, diminuindo a ingestão de alimentos e aumentando o gasto de energia.
- HISTOGÊNESE DO TECIDO ADIPOSO UNILOCULAR
As células adiposas uniloculares se originam no embrião, a partir de células derivadas do mesênquima, os lipoblastos. Essas células são parecidas com os fibroblastos, porém logo acumulam gordura no seu citoplasma. As gotículas lipídicas são inicialmente separadas umas das outras, porém muitas se fundem, formando a gotícula única característica da células adiposa unilocular.
TECIDO ADIPOSO MULTILOCULAR
O tecido multilocular é também chamado de tecido adiposo pardo, por sua cor característica. Essa cor se deve à vascularização abundante e as numerosas mitocôndrias encontradas em suas células. Por serem ricas em citocromos S, as mitocôndrias tem cor avermelhada. Ao contrário do tecido unilocular, que é encontrado por quase todo o corpo, o tecido pardo é de distribuição limitada, localizando-se em áreas determinadas. Esse tecido é abundante em animais que hibernam, nos quais foi chamado de glândula hibernante (designação inapropriada). No feto humano e no recém-nascido, o tecido adiposo multilocular apresenta localização bem determinada. Como esse tecido não cresce, sua quantidade no adulto é extremamente reduzida. As células do tecido adiposo multilocular são menores do que as do tecido adiposo unilocular e tem forma poligonal. O citoplasma é carregado de gotículas lipídicas de vários tamanhos e contém numerosas mitocôndrias, cujas cristas são particularmente longas, podendo ocupar toda a espessura da mitocôndria. No tecido adiposo multilocular, as células tomam um arranjo epitelioide, formando massas compactas em associação com capilares sanguíneos, lembrando as glândulas endócrinas.
TECIDO ADIPOSO MULTILOCULAR
O tecido multilocular é também chamado de tecido adiposo pardo, por sua cor característica. Essa cor se deve à vascularização abundante e as numerosas mitocôndrias encontradas em suas células. Por serem ricas em citocromos S, as mitocôndrias tem cor avermelhada. Ao contrário do tecido unilocular, que é encontrado por quase todo o corpo, o tecido pardo é de distribuição limitada, localizando-se em áreas determinadas. Esse tecido é abundante em animais que hibernam, nos quais foi chamado de glândula hibernante (designação inapropriada). No feto humano e no recém-nascido, o tecido adiposo multilocular apresenta localização bem determinada. Como esse tecido não cresce, sua quantidade no adulto é extremamente reduzida. As células do tecido adiposo multilocular são menores do que as do tecido adiposo unilocular e tem forma poligonal. O citoplasma é carregado de gotículas lipídicas de vários tamanhos e contém numerosas mitocôndrias, cujas cristas são particularmente longas, podendo ocupar toda a espessura da mitocôndria. No tecido adiposo multilocular, as células tomam um arranjo epitelioide, formando massas compactas em associação com capilares sanguíneos, lembrando as glândulas endócrinas.
Sua formação é diferente da observada no tecido unilocular. As células mesenquimais que formam o tecido multilocular tornam-se epitelioide, adquirindo um aspecto de glândula endócrina coronal, antes de acumularem gordura. Não há neoformação de tecido adiposo multilocular após o nascimento nem ocorre transformação de um tipo de tecido adiposo em outro.
A seguir veremos disfunções e possíveis complicações envolvendo o tecido adiposo...
REFERÊNCIAS:
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José; Histologia Básica: Tecido Adiposo. Guanabara Koogan. 12º edição. 2013.
https://oimedicina.files.wordpress.com/2012/02/tecido-adiposo-multi-e-uni.gif?w=714
A seguir veremos disfunções e possíveis complicações envolvendo o tecido adiposo...
REFERÊNCIAS:
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José; Histologia Básica: Tecido Adiposo. Guanabara Koogan. 12º edição. 2013.
https://oimedicina.files.wordpress.com/2012/02/tecido-adiposo-multi-e-uni.gif?w=714
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